Origem do
Sufismo
O nome Sufismo foi relacionado à palavra grega “Sophia” que significa
sabedoria e à palavra árabe “saf” que tem duplo significado: significa pureza,
e se refere tambémàs vestes puras, de lã, usadas por alguns mestres sufis.
Juntas elas indicam sabedoria pura, aquela que surge da consciência
pura, purificada de todos os problemas e das impressões da vida externa.
A sabedoria do coração e não do intelecto!
O sufismo é considerado doutrina universal porque como foi se
perpetuando ao longo dos tempos, sob influências de diversas outras correntes.
Tanto os europeus quanto os islâmicos concordam que a mais antiga fonte destas
sabedorias tem origem nos mistérios egípcios já que o Egito foi considerado o
coração esotérico da humanidade cujas escrituras foram perpetuadas por Hermes
Trimegistos – nome para o deus grego Thoth.
Influenciam ainda a construção da doutrina sufi filósofos e místicos
pitagóricos e neoplatônicos; as escrituras do Velho Testamento ou do Alcorão,
quando Abraão retornou do Egito depois de sua iniciação nos mistérios da vida e
foi a Meca onde foi posta a pedra por sua alma cantante – hoje maior mesquita
do mundo – para onde os muçulmanos fazem suas peregrinações. É preciso citar também
a tradição de Zoroastro, o Judaísmo, principalmente com a presença de Moisés
que recebeu em um estado de iluminação os 10 Mandamentos da Lei de Deus e o
cristianismo, com a personalidade de Jesus que aceitou o seu martírio como
destino divino.
Da sabedoria védica, e dos ensinamentos bramanistas, surgiu o
Budismo(incluindo tradições relacionadas aos ensinamentos taoistas e
confucionistas) e culminou com ohinduísmo e todas suas ramificações.
No século XIII o Sufismo se propagou da Pérsia e Oriente Médio para a
Índia. Portanto, não é uma doutrina islâmica, apesar de assim ser chamada e
identificada.
Desta maneira, o Sufismo ilumina a unidade profunda de todas as grandes
religiões e constrói uma ponte unificadora entre a ciência, filosofia,
misticismo e religião. Mostra-nos o
caminho para a profundidade unificadora e curadora de nosso próprio ser, a
alma, que nos conecta com a vida divina.
A ênfase é na humanidade; equilíbrio entre cabeça e coração; entre força
e sabedoria, entre atividade e repouso; o ideal é amor, harmonia e beleza na
vida.
O objetivo presente do movimento Sufi é conseguir um melhor entendimento
entre indivíduos, nações e raças e ajudar aqueles que estão buscando a verdade.
Seu tema central é alcançar a consciência da divindade humana.
O Sufismo é o caminho para podermos caminhar nos desdobramentos da alma,
que permite levar um ser mortal à imortalidade.
A mensagem, portanto, não está nas palavras mas na luz e na vida divina
que curam as almas, levando a elas a calma e a paz de Deus.
A
Filosofia do Sufismo
Vibração
Todas as coisas existentes que vemos, ouvimos e percebemos vibram. Nossa
existência está de acordo com a lei das vibrações, não apenas a existência do
nosso corpo físico, mas, também de nossos pensamentos e sentimentos.
Som, luz são vibrações assim como nossos pensamentos e emoções, tão
invisíveis quanto essas ondas que nenhum instrumento físico foi capaz de
medi-los. Entretanto seus efeitos podem ser observados em psicologia e
parapsicologia. Eles são variações que podem ser transmitidas de uma pessoa a
outra, independente da distância. Prova disso é a telepatia, o fenômeno da
sincronicidade cujas vibrações são sutis.
Espírito
e Matéria
A vida compõem-se de 2 partes. Uma a que chamamos de substância e a
outra de vácuo, que a ciência afirma consistir de átomos nos quais
pequeníssimos elétrons circulam ao redor de um núcleo muito pequeno. Esses
movimentos circulares acontecem no vazio, no vácuo que ocupa a parte da área
interna do átomo. Esta relação entre as partículas virtuais e o vácuo é uma
relação essencialmente dinâmica, fazendo com que o vácuo seja na realidade um
vazio “vivo”, pulsando em ritmos sem fim de criação e destruição. A descoberta
da qualidade dinâmica do vácuo é vista por muitos físicos como uma das mais importantes
da física moderna.
Os resultados da física moderna passam a confirmar a sabedoria chinesa
de que “O grande vazio é cheio de Ch’i – energia vital – ou seja, nada como o
nada!.Este nada, na visão mística do sufismo, é tudo e todas as coisas. É aquilo
que vai além da substância. É o nosso espírito, identificado como “inteligência
pura”, pois ainda este espírito não é consciência de coisa alguma – percepção
do maior segredo da vida!
De acordo com o sufismo, a matéria vem do espírito; a matéria é uma ação
do espírito que se materializou e se tornou inteligível para a percepção
sensorial e, então se tornou realidade para nossos sentidos, ocultando o
espírito embaixo dela.
Em outras palavras, ..A substância criou-se no vácuo e desenvolveu-se
nele; construiu a si mesma e vai novamente dissolver-se no vácuo.
O espírito torna-se matéria através do processo de vibração, pelo qual,
o espírito torna-se audível, visível e finalmente tangível.
As vibrações tornam-se átomos e os átomos geram o que chamamos de vida;
então acontece que seu agrupamento, pelo poder das afinidades da natureza,
forma uma entidade viva e, na medida em que a respiração se manifesta através
da forma o corpo torna-se consciente.
O espírito trabalhando no homem é a alma. A alma é como um raio de sol
divino. Se por um lado estes raios parecem separados, por outro eles são um,
como radiação do sol único.
O que chamamos simbolicamente de raios solares, o sufismo interpreta
como sendo uma radiação celeste, surgida de uma fonte celestial, provida da
energia divina, de Deus, ou seja, a essência do Ser Único, que não tem forma.
Como o nada, como o Absoluto. E é deste caminho cíclico, criativo que explica e
reconhece a eternidade de todos os seres.
A Jornada
da Alma
O anjo origina-se da alma que está purificada, que não tem conhecimento
do mundo falso, repleto de ilusões, que vivem e não conhecem a morte cujas
vidas são feitas de felicidade.
Para o sufi, os anjos são seres de luz (nur). São vibrações e estão mais
próximas de Deus. As esferas angélicas estão livres das paixões e emoções.
Conhecem apenas a felicidade que éa verdadeira natureza da alma. Sua natureza é
amar e estar pronto a acreditar. A harpa e sua música são os símbolos do fato
dos anjos serem vibrações vivas. Estas almas que se alimentam da luz divina,
criam ao redor do espírito divino uma aura que é chamada de arsh ou, o mais
alto céu.
Aqueles anjos que estão destinados a desempenhar determinadas obrigações
podem ser mensageiros e identificados como anjos da guarda da raça humana.
As almas que têm o poder de prosseguir em sua jornada para o plano
terrestre chegam à esfera do mundo jinn ou
genii, que é a esfera da mente, que juntas, formam novamente o
espírito.
Estágio em que se encontra a deidade da geração e do nascimento de um
ser humano. É quando um casal que se une abre o caminho para essa nova alma
entrar na existência física – quando acontece a reencarnação. Este momento é
carregado de ancestralidade.
Este corpo não é ofertado à alma apenas pelos pais mas pelos ancestrais,
pela nação e pela raça em que a alma nasceu e por todas a espécie humana. É
resultado de alguma coisa que o mundo inteiro produziu através de eras: um
barro que foi amassado milhares de vezes, que apareceu primeiro no reino
mineral, evoluiu para o vegetal, e depois chegou ao reino animal e depois
ofertado à nova alma humana que chega.
Este processo pode ser entendido como 2 linhas evolutivas da criação
humana: A vertical é a alma, o espírito viajando da luz da esfera angélica para
a densidade da terra: uma involução das vibrações mais sutis do espírito até a
vibração mais densa da matéria.
A linha horizontal é a evolução física a partir do mineral, chegando ao
homem onde as duas linhas se encontram. É o ápice do processo de manifestação.
Ao observar este processo podemos dizer que não apenas o homem, mas toda
a manifestação foi criada à imagem de Deus.
O corpo, que a alma assim recebeu, foi construído como um instrumento
perfeito para experienciar a vida plenamente. Esse é o propósito dos 5
sentidos: os olhos, que são como um espelho frente a tudo que é visível, que
reflete tudo que vê.Os ouvidos, são o espaço para ressoar cada som que os
alcança. O tato e o paladar, são mais densos e refletem os diferentes sabores e
sensações.
Além dos sentidos externos há também os centros internos de percepção
que são as faculdades intuitivas, uma adaptação que permitea percepção dos
pensamentos e sentimentos do outro.
Os dois mais importantes centros internos são o coração e a cabeça. Eles
são de matéria sutil e só podem ser alimentados de energia mais sutil que
absorvemos através da respiração e da vibração de sons e palavras, o que faz
com que estes desempenhem um papel importante no treinamento sufi.
Cada alma é criada para um certo propósito e a luz desse propósito é
acesa nessa alma.
Se buscarmos este propósito, estaremos caminhando em direção da maior
parte dos propósitos terrestres e nos conduzindo à realização interior.
O caminho da realização, que é uma evolução acontece através de 5
aspectos: nosso desejo de viver, nosso desejo de saber, nosso desejo de poder,
nosso desejo de felicidade e nosso desejo de paz.
Para alcançar estes objetivos é necessário desenvolver:
01 – Concentração, aprendendo a manter nossa atenção, nossos pensamentos
e sentimentos dirigidos a um propósito.
02 – Confiança que o propósito será alcançado apesar de todas as
dificuldades.
03 – Razão que deve ser usada para encontrar as formas de resolver essas
dificuldades.
04 – Paciência – aprender a esperar o tempo correto para dar um
determinado passo a frente.
05 – Autodisciplina, não ceder facilmente à raiva e emoção, não nos
permitir sermos tentados por desvios. A autodisciplina é necessária também para
mantermos o máximo de silêncio sobre os nossos próprios planos.
Estes cinco desejos fundamentais podem nos conduzir a uma realização
interior. Encontrando a vida física limitada no tempo, podemos descobrir a vida
eterna da alma.
Além do conhecimento terrestre podemos descobrir o conhecimento do ser
divino. Podemos entrar em contato com o poder onipotente de Deus e encontrar a
verdadeira felicidade da alma, ou divina inteligência.
A Vida Depois da Morte – O Retorno da Alma a Deus
Por uma razão ou outra, seja por descordem ou desgaste, o corpo, qua
mantém a alma que nele opera, perde o poder de manter-se uno. Ele cede e a alma
parte naturalmente, deixando o corpo material da mesma forma que uma pessoa
joga fora uma vestimenta da qual ela não precisa mais.
A vida então continua em outros planos – primeiro no mundo jinn.
A morte é uma ilusão, causada pelo apego humano, sua identificação com
esse corpo que na realidade é apenas uma capa colocada sobre a mente e a alma.
A morte é apenas uma transição para a outra vida.
A alma da pessoa que morre convencida de que não haverá nada depois da
morte, ficará paralisada por algum tempo, num estado de inércia causada por
essa idéia. Esse estado se chama purgatório. Mas, depois disso virá um novo
impulso de vida que possibilita à alma começar a experenciar a vida na esfera
dos jinn. Aqui ela encontra uma grande liberdade e menos limitações do que na
vida que teve na terra.
Diante da alma está um mundo não estranho a ela, que ela criou durante
sua estada na terra através da mente. E, aquilo que está na mente e poderia se
chamar de imaginação, agora, na esfera jinn é uma realidade. O Conteúdo da
mente e todas a experiências registradas na memória determinam a vida da alma
no plano dos jinn. Esse é o verdadeiro significado de céu e inferno.
Se nossa vida foi feliz, levamos a felicidade conosco para este novo
plano. Se fomos infelizes e causamos a infelicidade a outras pessoas, levamos
este veneno conosco. Mas, ela não está presa às limitações da vida na terra e
finalmente eleva-se ao padrão correspondente a seu ideal com mais liberdade e
menos limitações.
Neste estágio, o corpo espiritual pode ainda ter uma forma ou contorno
como se fosse uma nuvem amorfa ou globular de configuração arredondada e
genérica.
A alma vive então um determinado tempo na esfera dos jinn. Libertando-se
de todas as impressões de enfermidade, de tristeza e de miséria que a alma
experimentou enquanto estava na terra e levou para o mundo espiritual, ela e
cura. Purifica-se de toda a doença e impressões de doença e se renova neste
mundo espiritual de acordo com seu grau de evolução.
No final, a alma irá purificar a mente e depois irá se desvincular dela
a fim de reunir-se com o Ser Divino. Na jornada, em direção ao seu destino, a
alma deixa a esfera dos jinn e avança para o céu dos anjos.
Ela deixa para trás seus pensamentos (mente) e leva os sentimentos que
acumulou (coração). Sua jornada ocorre como vibrações, como um som, um tom –
sura, em Sânscrito. Nos céus angélicos, ela torna-se um ser luminoso, um corpo
de radiância e luz que é vida, é audível, visível e inteligível.
A Alma toma a forma de um corpo angélico que vê vida divina, respira ar
divino, vive da esfera da liberdade, desfrutando a presença de Deus. Nos céus
angélicos encontram-se as almas que partem da origem e as que retornam a ela –
onde o ciclo se renova.
Nossa
Relação com Deus
O ideal sufi é fazer de Deus uma realidade, de modo que Ele não seja
mais imaginário, que este relacionamento que o homem tem com Deus possa parecer
mais real do que qualquer outra relação no mundo.
No entanto somos obcecados com nossos sentidos exteriores e temos a
necessidade de dar uma forma a Deus e, ao desenvolvermos o conhecimento
científico do universo e descobrimos a natureza do sol, da terra e dos outros
planetas, a imagem de Deus foi destruída. O homem, para desenvolver um
relacionamento com Deus, precisa criar esta imagem divina.
Começamos a nos dar conta que Deus é invisível, inaudível, para nossos
sentidos externos, embora sintamos um impulso interior de procurar por ele.
Todas
as coisas existentes têm seu oposto, exceto Deus; É por essa razão que Deus não
pode vir a ser compreensível.
O Saum, a primeira prece da Adoração Universal do Movimento Sufi começa
assim: Louvado Sejais Vós Deus Supremo, onipotente, onipresente, que tudo
permeia o ser único.
O poder do homem é
limitado, de Deus onipotente;
O homem só pode
estar em um só lugar. Deus é onipresente.
Ainda assim
necessitamos de uma imagem, dos diversos aspectos de Deus para então
conseguirmos desenvolver nossa relação do Ele. Por isso, o sufismo respeita o
Ideal Divino que cada um cultiva dentro de si. Ele pode não ser a realidade de
Deus, mas sim produto da imaginação humana e, portanto diferente para cada
pessoa – o que faz com que as religiões e crenças tenham diferenças entre si.
Para o sufismo a
primeira e principal tarefa na vida interior é estabelecer um relacionamento
com Deus, considerando-o como o Criador, o que sustenta o que perdoa e nos
tornar conscientes desta relação.
O trabalho da vida
interior é fazer de Deus uma realidade, de modo que ele não seja imaginário.
No Sufismo a
orientação divina pode nos vir de várias formas. Podemos percebê-la de maneira
sutil em nosso coração, em nossa intuição. E, para captar e ouvir a voz de Deus
é preciso silenciar a nossa mente.
A orientação de
Deus também pode vir a nós de fora, em um sinal da natureza, em algum
acontecimento com um significado simbólico, em um sonho. Ainda podemos receber
isso ouvindo um amigo e até a um inimigo.
O Sufismo também
reconhece que todas as diversas religiões levam o homem em direção ao Ser
único. De tempos em tempos um mensageiro divino aparece quando a humanidade se
desvia do caminho quando o Ideal Divino não é cultivado, mas permaneceenterrado
sob dogmas rígidos que não inspiram mais a humanidade. Estes mensageiros
aparecem como seres humanos e explicam a verdade eterna no estilo mais inspirador
para despertar nossa consciência para o divino ser.
A idéia do ideal
Divino nos capacita a entender a unidade fundamental dos ideais religiosos e
pode ter aspectos um tanto diferentes, umsabor diferente, para então falar a
indivíduos diferentes, e elevá-los de seus próprios modos de pensar até a
esfera divina e isso irá também mostrar diferenças em culturas diversas durante
diferentes períodos históricos.
Mesmo com todas as
discrepâncias externas, todas as diversas religiões levam o homem em direção ao
Ser Único.
Para propagar e
ilustrar este conceito místico da unidade essencial de todas as religiões o
Sufismo estabeleceu a Adoração Universal como atividade deste movimento. Isto é simbolizado acendendo-se velas para
cada uma das várias religiões ( Hindu, Budista, Zoroastro, Hebraica, Cristã,
Islã) a partir da chama única que representa a luz de Deus. A religião do mundo
vindouro vai além das cerimônias, dogmas ou até Ideais Divinos. Seria algo que
viva na alma, na mente e no coração dos homens.
Religião do Mundo
Vindouro – A Religião do Coração.
A partir de sua
linha de pensamento, pode-se dizer que o ideal Divino fosse Universal,
estivesse viva e presente no dia a dia. Não importa em que tipo de lugar a
pessoa vá rezar, pois todo o instante da vida tornou-se religião. Viver este ideal é deixar que o amor se
manifeste através da bondade, amizade, simpatia, tolerância, perdão. Qualquer que seja a forma em que esta água
viva brote do coração, ela o reafirma como uma fonte divina.
E, a partir do momento
em que esta fonte seja encontrada e flua, então tudo o que um homem faça em
atos, palavras ou em sentimentos torna-se religião.
Unidade com Deus
No relacionamento
religioso homem e Deus são separados.
O místico, no
entanto aspira a unidade com Deus, esquece-se do seu ser limitado, com o
objetivo de imergir na consciência de Deus.
O falso eu é
transcendido. O verdadeiro eu é revelado.
Neste estágio, o
Sufi ouve através dos ouvidos de Deus, vê pelos olhos de Deus, trabalha com as
mãos de Deus, caminha com os pés de Deus e o seu sentimento é o sentimento de
Deus.
O que ocorre na
experiência mística pode ser explicado em termos abstratos.
“ A Alma tem 2
lados diferentes e 2 experiências diferentes.
De um lado há a
experiência com a mente e com o corpo e, do outro, há a experiência do
espírito. No primeiro caso trata-se da experiência externa e, no segundo, da
experiência interna.
A natureza da Alma
é como o vidro, transparente, e quando um lado do vidro é coberto ele se torna
um espelho. Assim a alma torna-se um espelho que reflete as experiências
externas, não necessariamente de conhecimento interno.
Esta é a razão pela
qual, por mais que uma pessoa tenha sido abençoada com conhecimento externo,
ela não é necessariamente dotada de conhecimento interno. Com o objetivo de
alcançar o conhecimento interno, o Sufi cobre o outro lado da alma, de maneira
que sua parte espelhada possa refletir o espírito ao invés do mundo externo.
Tão logo possa realizar isso, ele recebe inspirações e revelações.
O indivíduo deve
tornar-se como uma taça vazia, para que possa então ser ´reenchido com luz
divina e inspiração. Tal experiência mística não pode ser descrita em palavras;
está além de pensamentos e sentimentos. É a própria experiência da alma. A
experiência da consciênciapura. É totalmente plena, é a essência de toda
sabedoria.
O ideal Sufi é
fazer com que esta parte espelhada possa refletir o espírito ao invés do mundo
externo. Tão logo consiga realizar isso, ele recebe inspirações e revelações.
Esta é a experiência da consciência pura, a essência de toda sabedoria.Há um
sentimento de perene satisfação em se conhecer algo que nunca se consegue
colocar em palavras.
Os místicos chamam
de auto-realização;
Os de mente
religiosa como a consciência de Deus;
As mentes
filosóficas como consciência cósmica.
Os caminhos para alcançar a unidade com Deus
É comum os místicos
hindus e budistas no Oriente se isolarem da vida do mundo, voltando-se
inteiramente para seu interior.
O caminho que o
mestre Sufi Inayat Khanrecomenda
para o tempo presente é um caminho humano.
O Sufi busca o
equilíbrio entre vida exterior e interior. A vida no mundo é considerada uma
oportunidade positiva para adquirir a experiência que a alma deseja e também um
desafio para cumprir o plano de nossa vida, descobrir nossos deveres e
desenvolver simpatia pelo nosso próximo.
Ampliar nossa
consciência desta maneira também abre caminho para nossa vida interior.
Ajuda a superar
nossas limitações pessoais com as quais tendemos a nos identificar de modo a
bloquear nosso progresso interno. Por outro lado, a vida interior é uma fonte
de inspiração para nossa vida externa. Equilibrar vida interna e externa nos
leva à plenitude da vida.
Aspectos do
Sufismo:
01 - Treinamento
Espiritual = aprender a tornar-se consciente da vida interior; É o preparo para
a Purificação mental, quando abrimos a porta para a sabedoria interior
permitindo também a expansão da consciência.
02 – Purificação
mental, em relação à nossa atitude na vida exterior.
Treinamento
Espiritual
O treinamento
espiritual visa despertar a consciência da existência da alma, nosso ser mais
profundo – o que é difícil já que nossa atenção está sempre voltada aos fatos
da vida externa -repleta de problemas, desejos e propósitos que nos mantém
ocupados.
Para começar a nos
descobrir é preciso fazer com que mente e corpo fiquem absolutamente quietos.
E, para isso, utiliza-se a técnica da concentração e contemplação.
Concentração
“ Concentração
externa – quanto mais nos concentramos
em algum trabalho, mais eficientes e criativos nos tornamos.
“ A Concentração
consciente, para silenciar a mente é mais difícil e poder ser exercida
focalizando um objeto, uma figura ou símbolo por certo tempo.
Contemplação
“A contemplação é o
estágio seguinte onde focalizamos nossa mente em um pensamento, uma idéia. Esta
prática é mais sutile abstrata. Vai mais a fundo e no sufismo o objetivo de tal
contemplação está relacionado a Deus, a origem e o centro de toda luz e vida
interna, com a qual devemos nos reconectar. Ao contemplarmos certas qualidades
e aspectos divinos não estamos somente treinando nossa mente, estamos também
aprofundando nosso relacionamento com Deus. Assim nosso corpo e mente são
apenas instrumentos para que o espírito divino torne-se consciente de si mesmo.
Nosso corpo é um templo de Deus.
Práticas contemplativas:
- Repetição
contínua de palavras sagradas que expressam a idéia de qualidade divina como
palavras sagradas tiradas da língua árabe, mantras indianos tomados do
sânscrito. Nos 2 casos são línguas mais antigas que, através de sons originais
expressam seus significados, portanto podem nos impressionar mais profundamente.
Seus sons e suas vibrações tocam imediatamente nosso coração.
As palavras
sagradas do sufismo vêm sendo usadas há séculos e por isso põem de forma
subconsciente as pessoas em contato com o magnetismo vivo daquela palavra e som
na consciência coletiva da humanidade.
Práticas de Respiração
- Respirar para um
sufi é a ponte entre ele e Deus; é uma corda pendurada no céu em direção à
terra. O Sufi ascende com o auxílio desta corda. A respiração pode ser usada
também como um instrumento que ajuda a manter a mente focalizada na
concentração e contemplação.
No silêncio, sem
pensamentos ou sentimentos, podemos experimentar a consciência pura.
O espírito divino
pode nos tocar.
- Meditação – é
mergulhar profundamente em si mesmo e ascender às mais altas esferas,
expandindo-se além do universo. É nesta experiência que se atinge a bem
aventurança da meditação.
- Compreensão – É
quando ocorre a expansão da consciência; o desabrochar da alma; é o mergulho
profundo em si mesmo e comunicar-se com cada átomo de vida existente, no mundo
inteiro. É compreender o “Eu” real no qual está a percepção do real propósito
da vida.
Purificação Mental
Apurificação mental
abre caminho para que cheguemos à unidade de Deus.
Purificação mental significa que impressões terrenas
como bom e mal, certo e errado, ganho e perda, prazer e dor, bipolaridades que
bloqueiam a mente, devem ser expurgados pelo entendimento do oposto dessas
coisas. Assim poderemos ver o inimigo no
amigo e o amigo no inimigo. Quando reconhecemos veneno no néctar e néctar no
veneno, chega o tempo em que morte e vida também se tornam uma. “Os opostos
deixam de ser opostos perante o Um.”
A purificação do
pensamento e do sentimento é o objetivo de nossa vida e o propósito de toda
criação.
Movimento vertical:
Este treinamento espiritual requer que consigamos abrir a porta para a
sabedoria interior e elevar nossa consciência para acima da densidade da Terra.
“Enquanto nossa mente estiver presa por idéias e pensamentos rígidos e
limitados, e enquanto nosso coração estiver envenenado por sentimentos
antagônicos a respeito dos outros, podemos apenas tentar nos livrar desses elos
por pouco tempo, porque a mente impura logo atrairá novamente a atenção da alma
e a alma estará aprisionada na prisão infeliz da mente.”
Movimento
horizontal: Para possibilitar a expansão da consciência, devemos começar a
reconhecer e aceitar a relatividade de nossos pensamentos e idéias.
A Lei das Vibrações – Transcendendo o bem e o
mal
Nem sempre é
possível determinar-se objetivamente o que é bom com relação a todos os homens
e em circunstâncias diferentes.
Então como
transcender o bem e o mal? Tudo fica claro quando se entende a lei das
vibrações. Na superfície da existência todas as coisas e seres parecem estar
separados uns dos outros, Mas, sob esta superfície, eles estão mais próximos
uns dos outros e, no plano interior tornam-se um. Assim, qualquer perturbação à
paz da parte mais ínfima da existência na superfície, afeta o todo
internamente.
Qualquer
pensamento, palavra ou ação que perturbe a paz
é errado, é mal e é pecado; mas, se resulta em paz então é certo, bom e
virtuoso.
As Ordens Sufistas
Ao longo da
história do surgimento do sufismo, e inspirando muitas Sociedades Secretas,
durante milênios, os sufistas foram indiferentes à instituição de Confrarias,
templos ou qualquer outra referência de identidade social, religiosa, civil.
Eram simplesmente sábios, místicos envoltos na aura mística dos personagens das
lendas árabes. Respeitados por uma sabedoria publicamente reconhecida.
Alguns, vivendo o
dia-a-dia da sociedade, emprenhados em profissões das mais variadas, porém sem
jamais deixarem de ser buscadores da Verdade, do conhecimento de si-mesmos, do
mundo, do Cosmos, de Deus. Outros, completamente desapegados das vertigens
mundanas, optam pela solidão, reclusão, afastamento das confusões dos tempos.
A organização dos
Sufistas em Ordens ou Târiqas foi uma necessidade e uma concessão aos
avanços da civilização. As primeiras Târiqas conhecidas surgiram entre os
séculos XII e XIII [anos 1200 e 1300]. entre elas, destacam-se a Shadhiliya,
de origem marroquina, especialmente dedicada à meditação. Mevlevi, que
desenvolveu o ritual da dança girante. A Isawiya, também do Marrocos, tem
fama de dotar seus adeptos de total insensibilidade ao fogo e às brancas.
Târiqas ─ Na prática o
Sufismo abriga diferentes Irmandades ou Ordens, chamadas Târiqas.
São inúmeras essas Tariqas, consta que são 97 ordens ─ e estão espalhadas em
diferentes países do norte e do leste da África, como Somália, Etiópia,
Mauritânia e, ainda, na Indonésia e Malásia, Afeganistão, Paquistão,
Bangladesh, Índia, Curdistão, Rússia, Turquemenistão e nos Bálcãs. São algumas
destas ordens mais destacadas:
Ordem Chishti ─ [do mestre Khaja
Mu´in al-Din Chisti, afegão radicado na Índia]|
Ordem Mevlevi ─ atua na Turquia e Bálcãs [região sudeste da Europa que
inclui Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Bulgária, Grécia, República da
Macedônia, Montenegro, Sérvia]. Em seus exercícios de dhikr [meditação]
utilizam intensamente a música e a dança. São os conhecidos Dervixes
Rodopiantes.
Ordem Rifa'i [Rifaiyyah] ─ presente no Egito, na Síria, em Kosovo e
Albânia mas, também, em países do Ocidente: EUA, Austrália, Venezuela, Itália
além de Marrocos, África do Sul, Algéria, Paquistão.
Ordem Naqshbandi ─ muito atuante nos EUA, Europa ocidental, Ásia
Central, Índia e Sudoeste Asiático.
Doutrina e Práticas
É muito possível
que o denso mistério da origem dos Sufis seja o resultado dessa tradição ser,
de fato, antiga demais para que um ponto de partida possa ser rastreado. A
sabedoria desses Iniciados é um patrimônio de milênios; um acervo de saberes de
culturas que floresceram em um tempo muito remoto; tão remoto que os nomes e
fontes originais se perderam porém, a essência do Conhecimento, cuidadosamente
preservada por discípulos zelosos, resistiu e resiste ainda instruindo a
Humanidade até hoje. Tanto é assim que os Sufis incorporam ensinamentos
clássicos de Ioga, teologia de Zoroastro e ciência hermética entre outras
fontes de aperfeiçoamento do homem integral.
Danças da Paz Universal
As Danças da Paz
Universal foram criadas pelo mestre Sufi Samuel Lewis, fundador da Ordem Sufi
Islamica Ruhaniat Society. Samuel Lewis estudou profundamente as tradições
místicas do Hinduísmo, Judaísmo e Cristianismo. Lewis foi grandemente
influenciado e inspirado pelo contato e aprendizado espiritual com duas pessoas
- seus grandes mestres: Pir-o-Murshid Hazrat Inayat Khan - músico e místico
Sufi, o primeiro a trazer a mensagem do Sufismo Universal para o Ocidente em
1910 - e Ruth St. Denis - uma das pioneiras da dança moderna na América e
Europa.
As Danças da Paz Universal reconhecem e celebram o sagrado que se manifesta
através das diferentes tradições religiosas da humanidade, como por exemplo:
Hinduísmo, Budismo, Zoroastrismo, Sikhismo, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo,
assim como as tradições Nativas Americanas, Nativo do Oriente Médio, Celta,
Nativo Africano e Tradição da Grande Mãe.
Bibliografia:
Sufismo Universal
Dr. H. J. Witteveen
Trabalho Transdiciplinar resumido por Cris Czarlinski.