a) A ARTE DE VIVER CONSCIENTE. Elizabeth Richard.
Junho/2011
b) O FEMININO E A CURA. Dr. Eliezer
Berenstein. Julho/ 2011
c) TRADIÇÃO SAGRADA ANCESTRAL BRASILEIRA. Kaká Werá.
Agosto/2011
Ao tomar nota da frase dita por Eliezer “A
maioria dos problemas ginecológicos tem suas raízes nas dificuldades que o
mundo moderno oferece à existência
humana feminina”, um estranhamento percorre meu corpo, como se procurasse meu
âmago e uma resposta àquela frase tão contundente. Sinto um misto de deslocamento,
indignação e perplexidade, como se minha existência fosse questionada pelo
mundo e por mim mesma. Durante todo o seminário este conflito interno se
manifesta, provocando interrogações e questionamentos, “motins”, batalhas e por
fim, bandeiras brancas hasteadas. Imagens de uma passeata na Paulista, onde
mulheres de todos os lugares levavam cartazes com diferentes bandeiras
políticas me vêm à mente, e eu, empunhando um cartaz “Fora Bush!!” , me vejo
perdida em meio ao spray de pimenta, à
correria e ao pânico ... Será que eu tinha consciência então deste “feminino” sobre
o qual ouço agora?
Confesso
que este seminário em especial provocou em mim várias sensações e sentimentos,
e principalmente, o terrível incômodo de me olhar em frente a um espelho e de
me questionar “O que você está fazendo consigo própria?”. Há tempos atrás esta
questão nada mais era do que uma questão de sobrevivência, ou seja, como diz a
canção “Peace on Earth”, da banda irlandesa U2, “... e você se transforma num
monstro para que o monstro não o destrua”. Entretanto, uma “correção no
percurso”, ao percebermos as conseqüências de nossas decisões, é sempre
bem-vinda.
A
imagem da ciranda feita pela Cris, Verinha e Luciano, orquestrada pela Laura,
na aula da Betinha, fazendo uma alusão ao equilíbrio entre o boi (instinto), o
leão (emoção) e a águia (razão), espoca em minha mente como um flash e me pergunto se este equilíbrio é
realmente possível... E junto a isso tudo, ouço a música “Forbidden Colors”, do
filme “Furyo – em nome da honra”, com David Bowie e Riyuchi Sakamoto, música
esta escolhida pela Betinha para trabalhar o conceito da Serpente, aquela que
“dirige toda a cena” e me desconcentro totalmente, pois esta música marcou todo
o meu período da faculdade, repleto de amizades, descobertas, libertações e
construções de sonhos para o futuro. Que coincidência, ou melhor,
sincronicidade: momentos tão importantes, iniciáticos em minha vida, que são
pontuados por uma mesma canção.
É claro
que com tantos estímulos advindos destes seminários, começo a me lembrar e a reavaliar
e refletir sobre conceitos tão presentes em mim já há tempos e a reviver
emoções muito bem guardadas em mim. Lembro-me
de um sonho que tive, há muitos anos, em que estava numa sala de aula, muito
enfadonha e da qual estava louca para sair. Então, o professor disse que daria
início a uma aula sobre “geografia submarina”, sobre a qual pensei “Pode ser
interessante”. Imediatamente após este pensamento, a sala de aula se
transformou num grande cinema 360°, com imagens belíssimas do fundo-do-mar,
cardumes de peixes coloridos e brilhantes, corais, algas, enfim, um mundo que
eu não conhecia. Fiquei extasiada, literalmente, por estas imagens, as quais
passeavam por toda sala, como se fossem holográficas. Fui tomada por um sentimento
de alegria, quase êxtase mesmo, e continuei a observar todos os detalhes. De
repente, as imagens começaram a diminuir, pouco a pouco, mas a riqueza dos
detalhes continuava, mesmo porque eu os havia vivenciado e sabia que eles
estavam todos ali. As imagens foram diminuindo, diminuindo, diminuindo, até
ficarem todas concentradas num aquário pequeníssimo e redondo, colocado aos
nossos pés. Lá estávamos todos nós, os alunos, olhando para os nossos próprios
pés, como índios abraçados num círculo, cabeça a cabeça, mirando o centro dele
e bem no meio dele um pequenino aquário também circular, com uma vida marinha
rica, variada, bela e tão detalhada que eu me perdia em meio a ela. Levantei os
olhos para cima e pensei “Então é isso: o macro é o micro e o micro é o macro.
Se pudéssemos compreender isto, não nos mataríamos e nem mataríamos a
natureza.” Despertei, abri meus olhos e chorei por uns dez minutos, um choro de
emoção, compreensão e alegria. Foi um momento de cura marcante em minha vida,
uma das várias pelas quais venho passando e pelas quais nutro uma profunda
gratidão. É impressionante como somente o recordar desta experiência me traz
para o momento, o aqui e agora, de forma incontestável, é como se uma pequena
luz se acendesse e me iluminasse por inteira lembrando-me do que realmente
importa, daquilo que realmente faz sentido e é verdadeiro dentro de mim.
Quando
Kaká menciona “o guerreiro de seu interior” e os dez passos para configurarmos
nossa mitologia, pressinto uma cura interior sendo trabalhada conjuntamente com
a Natureza, um processo de reaprendizagem e retorno a mim mesma e à sabedoria
da Mãe Natureza e do Cosmos. Como diz a personagem Tsahik, a Mãe da Tribo Omaticaya
no filme “Avatar”, a Jake Sully, soldado humano que tem ordens de se infiltrar
na tribo, conhecer os hábitos e aprender sobre os pontos fracos da mesma e,
assim, dominá-la: “Aprenda bem, Jake Sully, e então veremos se sua insanidade
pode ser curada”, diz ela, na esperança de que, assim como Jake deseja aprender
sobre a tribo no intuito de dominá-la, o próprio conhecimento possa
transformá-lo e trazê-lo de volta à sanidade.
Sim, uma alegoria à nossa própria sociedade, cuja “insanidade”
nos entorpece, cega e ensurdece. Somos anestesiados pelo que vemos, respiramos, bebemos, sentimos ao nosso redor
e, muitas vezes, em nosso interior, pelo que vendemos e compramos todos os
dias. Felizmente, parece que, pouco a
pouco, tudo isto começar a se transformar, com a ajuda de conhecimento antigo e
ciência de vanguarda, terapias complementares, Natureza, disciplina e
paciência.
De
forma interessante, a própria ciência de vanguarda parece beber em fontes
antigas e revisitar um conhecimento há muito esquecido. Grande parte do que
Kaká explica nos parece extraordinariamente atual, tudo o que a ancestralidade
indígena Tupy já conhecia naquela época
parece chegar a nós também através da Física Quântica. Tudo nos parece
tão antigo, e ao mesmo tempo tão familiar
e contemporâneo, como se passado, presente e futuro fossem simplesmente
a mesma coisa, o mesmo momentum, como se cada um/a de nós fosse um microcosmo,
um universo perfeito, como se cada pedacinho fosse um sistema tão perfeito
quanto o próprio Cosmos.
Desta
forma, a ciência de vanguarda e o conhecimento antigo nos auxiliam para que
compreendamos nosso corpo e assim tenhamos mais consciência dos processos que
nos acontecem, e, conseqüentemente, tenhamos mais alternativas em nossas vidas
e nossos destinos, nos abrem um maravilhoso leque de perspectivas para que
possamos lidar tanto com situações harmoniosas como as desfavoráveis com mais
equilíbrio e consciência. Numa das tantas frases inspiradoras ditas por
cientistas e líderes espirituais no filme “Quem somos nós”, ressalta esta : “ Você é assim hoje, toma as decisões
que toma, porque ninguém lhe ensinou a fazer de outra forma, ninguém lhe
mostrou outras possibilidades.” Felizmente, e finalmente, estas possibilidades
estão à nossa frente, sendo anunciadas e ensinadas, a fim de que possamos
respirar, comer, beber, sentir, andar, falar e agir de uma outra forma, mais
coerente, harmoniosa e que vá de encontro a quem realmente somos.
Bibliografia pesquisada
BERENSTEIN, Eliezer. A Inteligência Hormonal da Mulher. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001
TOBEN, Bob; WOLF,
Fred Alan. Espaço-Tempo e
Além. São Paulo: Cultrix, 1982
Trabalho transdisciplinar de Mary
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