segunda-feira, 2 de abril de 2012

Trabalho transdisciplinar de Mary


a) A ARTE DE VIVER CONSCIENTE. Elizabeth Richard. Junho/2011
b) O FEMININO E A CURA. Dr. Eliezer Berenstein. Julho/ 2011
c) TRADIÇÃO SAGRADA ANCESTRAL BRASILEIRA. Kaká Werá. Agosto/2011        


            Ao tomar nota da frase dita por Eliezer “A maioria dos problemas ginecológicos tem suas raízes nas dificuldades que o mundo moderno oferece  à existência humana feminina”, um estranhamento percorre meu corpo, como se procurasse meu âmago e uma resposta àquela frase tão contundente. Sinto um misto de deslocamento, indignação e perplexidade, como se minha existência fosse questionada pelo mundo e por mim mesma. Durante todo o seminário este conflito interno se manifesta, provocando interrogações e questionamentos, “motins”, batalhas e por fim, bandeiras brancas hasteadas. Imagens de uma passeata na Paulista, onde mulheres de todos os lugares levavam cartazes com diferentes bandeiras políticas me vêm à mente, e eu, empunhando um cartaz “Fora Bush!!” , me vejo perdida em meio ao spray de pimenta,   à correria e ao pânico ... Será que eu tinha consciência então deste “feminino” sobre o qual ouço agora? 
Confesso que este seminário em especial provocou em mim várias sensações e sentimentos, e principalmente, o terrível incômodo de me olhar em frente a um espelho e de me questionar “O que você está fazendo consigo própria?”. Há tempos atrás esta questão nada mais era do que uma questão de sobrevivência, ou seja, como diz a canção “Peace on Earth”, da banda irlandesa U2, “... e você se transforma num monstro para que o monstro não o destrua”. Entretanto, uma “correção no percurso”, ao percebermos as conseqüências de nossas decisões, é sempre bem-vinda.  
A imagem da ciranda feita pela Cris, Verinha e Luciano, orquestrada pela Laura, na aula da Betinha, fazendo uma alusão ao equilíbrio entre o boi (instinto), o leão (emoção) e a águia (razão), espoca em minha mente como um flash e me pergunto se este equilíbrio é realmente possível... E junto a isso tudo, ouço a música “Forbidden Colors”, do filme “Furyo – em nome da honra”, com David Bowie e Riyuchi Sakamoto, música esta escolhida pela Betinha para trabalhar o conceito da Serpente, aquela que “dirige toda a cena” e me desconcentro totalmente, pois esta música marcou todo o meu período da faculdade, repleto de amizades, descobertas, libertações e construções de sonhos para o futuro. Que coincidência, ou melhor, sincronicidade: momentos tão importantes, iniciáticos em minha vida, que são pontuados por uma mesma canção.
É claro que com tantos estímulos advindos destes seminários, começo a me lembrar e a reavaliar e refletir sobre conceitos tão presentes em mim já há tempos e a reviver emoções muito bem guardadas em mim.  Lembro-me de um sonho que tive, há muitos anos, em que estava numa sala de aula, muito enfadonha e da qual estava louca para sair. Então, o professor disse que daria início a uma aula sobre “geografia submarina”, sobre a qual pensei “Pode ser interessante”. Imediatamente após este pensamento, a sala de aula se transformou num grande cinema 360°, com imagens belíssimas do fundo-do-mar, cardumes de peixes coloridos e brilhantes, corais, algas, enfim, um mundo que eu não conhecia. Fiquei extasiada, literalmente, por estas imagens, as quais passeavam por toda sala, como se fossem holográficas. Fui tomada por um sentimento de alegria, quase êxtase mesmo, e continuei a observar todos os detalhes. De repente, as imagens começaram a diminuir, pouco a pouco, mas a riqueza dos detalhes continuava, mesmo porque eu os havia vivenciado e sabia que eles estavam todos ali. As imagens foram diminuindo, diminuindo, diminuindo, até ficarem todas concentradas num aquário pequeníssimo e redondo, colocado aos nossos pés. Lá estávamos todos nós, os alunos, olhando para os nossos próprios pés, como índios abraçados num círculo, cabeça a cabeça, mirando o centro dele e bem no meio dele um pequenino aquário também circular, com uma vida marinha rica, variada, bela e tão detalhada que eu me perdia em meio a ela. Levantei os olhos para cima e pensei “Então é isso: o macro é o micro e o micro é o macro. Se pudéssemos compreender isto, não nos mataríamos e nem mataríamos a natureza.” Despertei, abri meus olhos e chorei por uns dez minutos, um choro de emoção, compreensão e alegria. Foi um momento de cura marcante em minha vida, uma das várias pelas quais venho passando e pelas quais nutro uma profunda gratidão. É impressionante como somente o recordar desta experiência me traz para o momento, o aqui e agora, de forma incontestável, é como se uma pequena luz se acendesse e me iluminasse por inteira lembrando-me do que realmente importa, daquilo que realmente faz sentido e é verdadeiro dentro de mim.
Quando Kaká menciona “o guerreiro de seu interior” e os dez passos para configurarmos nossa mitologia, pressinto uma cura interior sendo trabalhada conjuntamente com a Natureza, um processo de reaprendizagem e retorno a mim mesma e à sabedoria da Mãe Natureza e do Cosmos. Como diz a personagem Tsahik, a Mãe da Tribo Omaticaya no filme “Avatar”, a Jake Sully, soldado humano que tem ordens de se infiltrar na tribo, conhecer os hábitos e aprender sobre os pontos fracos da mesma e, assim, dominá-la: “Aprenda bem, Jake Sully, e então veremos se sua insanidade pode ser curada”, diz ela, na esperança de que, assim como Jake deseja aprender sobre a tribo no intuito de dominá-la, o próprio conhecimento possa transformá-lo e trazê-lo de volta à sanidade.  Sim, uma alegoria à nossa própria sociedade, cuja  “insanidade”  nos entorpece, cega e ensurdece. Somos anestesiados pelo que vemos,  respiramos, bebemos, sentimos ao nosso redor e, muitas vezes, em nosso interior, pelo que vendemos e compramos todos os dias. Felizmente,  parece que, pouco a pouco, tudo isto começar a se transformar, com a ajuda de conhecimento antigo e ciência de vanguarda, terapias complementares, Natureza, disciplina e paciência.
De forma interessante, a própria ciência de vanguarda parece beber em fontes antigas e revisitar um conhecimento há muito esquecido. Grande parte do que Kaká explica nos parece extraordinariamente atual, tudo o que a ancestralidade indígena Tupy já conhecia naquela época  parece chegar a nós também através da Física Quântica. Tudo nos parece tão antigo, e ao mesmo tempo tão familiar  e contemporâneo, como se passado, presente e futuro fossem simplesmente a mesma coisa, o mesmo momentum, como se cada um/a de nós fosse um microcosmo, um universo perfeito, como se cada pedacinho fosse um sistema tão perfeito quanto o próprio Cosmos.
Desta forma, a ciência de vanguarda e o conhecimento antigo nos auxiliam para que compreendamos nosso corpo e assim tenhamos mais consciência dos processos que nos acontecem, e, conseqüentemente, tenhamos mais alternativas em nossas vidas e nossos destinos, nos abrem um maravilhoso leque de perspectivas para que possamos lidar tanto com situações harmoniosas como as desfavoráveis com mais equilíbrio e consciência. Numa das tantas frases inspiradoras ditas por cientistas e líderes espirituais no filme “Quem somos nós”, ressalta  esta : “ Você é assim hoje, toma as decisões que toma, porque ninguém lhe ensinou a fazer de outra forma, ninguém lhe mostrou outras possibilidades.” Felizmente, e finalmente, estas possibilidades estão à nossa frente, sendo anunciadas e ensinadas, a fim de que possamos respirar, comer, beber, sentir, andar, falar e agir de uma outra forma, mais coerente, harmoniosa e que vá de encontro a quem realmente somos.


Bibliografia pesquisada

BERENSTEIN, Eliezer. A Inteligência Hormonal da Mulher. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001

TOBEN, Bob; WOLF, Fred Alan. Espaço-Tempo e Além. São Paulo: Cultrix, 1982



Trabalho transdisciplinar de Mary


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